26 agosto 2006

Análise >> Miami Vice

Miami Vice mostra o violento dia-a-dia de dois detetives nas ruas da cidade norte-americana que dá nome ao filme. Sonny Crockett (Colin Farrell) e Ricardo Tubbs (Jamie Foxx) trabalham disfarçados. Elegantes em seus ternos Hugo Boss, dirigem uma Ferrari conversível, confundindo-se facilmente com os ricaços que circulam em Miami. Eles investigam uma quadrilha de tráfico de drogas que tem esquemas tanto nos EUA quanto em países latinos, como Cuba, Colômbia e Panamá. Seu alvo é o chefe do tráfico colombiano Arcángel de Jesús Montoya, cujo braço direito é a cubana Isabella, o interesse romântico de Crockett.

Em Miami Vice, as conhecidas palmeiras de Miami não refletem a luz do sol. Não há mulheres de biquíni andando pela orla marítima, muito menos flamingos cor-de-rosa – símbolo da cidade. Durões, sérios e violentos, Crockett e Tubbs são adultos e obscuros. Na verdade, toda a atmosfera em Miami Vice dá essa idéia. A maior parte dos 134 minutos de filme se passa durante a noite, o que dá uma impressão muito mais "underground" da cidade, conhecida por seus dias ensolarados. As câmeras acompanham os personagens de perto, sendo inseridas em ângulos inusitados em tiroteios.

Tendo custado US$ 135 milhões, o filme rendeu somente US$ 25 milhões no primeiro fim de semana em cartaz nos EUA. Além disso, sua trama é complexa, o que também pode explicar seu fracasso comercial. O filme funciona como um recorte de Miami, evidenciando muito mais o "lado B" da cidade, tornando-o um filme policial adulto, obscuro e violento ao extremo.

Muito agradável aos fãs do gênero, embora possa desapontar os fãs da série de TV.

Miami Vice é um filme inteligente e diferente do que geralmente é feito no gênero policial. Acabou sendo um fracasso (comercialmente falando). Mas será que os filmes hollywoodianos não podem sair das regras como esta produção? As bilheterias americanas dizem que não, e quem mais deve lamentar é o espectador.

23 agosto 2006

Análise >> Click

Click é a grande comédia da temporada. Contando com uma agradável mistura entre humor visual e situações dramáticas "bonitinhas", este filme vem para agradar a quase todo mundo – homens, mulheres e crianças – por apostar em uma fórmula mais do que batida, mas segura e divertida. Traz também uma boa lição de moral que funciona, pois é apresentada de forma bem evidente e clara. Como não poderia deixar de ser em um filme popular, está tudo mastigadinho e as piadas são quase sempre faladas duas vezes para certificar-se que o público de fato as entendeu. No geral, mais um filme "normal".

Adam Sandler interpreta novamente um papel de bom moço que se mete em furada, o que significa que, além do roteiro, ele também está "jogando" onde sabe que pode. Mas é um ator que funciona perfeitamente para esse tipo de personagem, de fácil identificação para o público, por não ser nenhum galã e sempre apresentar características bastante humanas. Há todo um bom elenco de suporte, que inclui a linda Kate Backinsale e um bizarro Christopher Walken, como uma espécie de anjo da guarda.

Surpreende o fato de Click não ficar somente na comédia. Ele leva sua lição de moral bastante a sério, tanto que a segunda parte é predominantemente um drama – light, é verdade, mas é. O filme avança na vida de Michael (Sandler) enquanto ele vai brincando com seu "controle remoto da vida", e é sempre interessante ver a maquiagem e os cenários futuristas à medida em que o tempo vai progredindo. Não há um trabalho muito aprofundado nesses dois elementos (maquiagem e cenários), mas ainda assim não deixa de ser interessante, agregando valor técnico ao filme.

Todos esses aspectos positivos, porém, não escondem o fato de Click ser no máximo "legalzinho". O texto é bastante simples; a lição de moral é óbvia e previsível e as atuações não são nada especiais – se você chorar nas cenas mais dramáticas, provavelmente será pela utilização manipuladora da música ao fundo. Truque barato e que funciona, mas pode dar uma impressão errada a qualquer filme, fazendo-o parecer mais forte do que realmente é. Não é exatamente um ponto negativo, por ser algo esperado em filmes populares.

Passatempo interessante e recomendável, o filme fez um sucesso danado nos Estados Unidos e pelo jeito está fazendo o mesmo aqui no Brasil, a julgar pelos resultados iniciais obtidos das bilheterias daqui. Possui alguns momentos realmente engraçados (poucos, principalmente envolvendo o cãozinho da família) e uma direção de arte um tanto quanto tosca – propositalmente – o que dá um efeito diferente e traz um clima agradável ao filme. Para os fãs de Sandler ou de comédias é um prato cheio, embora não possa ser considerado, de forma alguma, um grande filme ou mesmo uma grande comédia. É apenas um trabalho acima da média no gênero, que vai continuar fazendo sucesso quando chegar às locadoras e à televisão.

Qualquer semelhança com "O Todo Poderoso" não é mera coincidência, já que o roteirista é o mesmo nos dois filmes, que aliás, são quase iguais, diferenciando-se apenas na "fonte do poder" (Deus e um controle remoto).

Como eu já disse... legalzinho. Do tipo que vale a pena pagar pra ver no cinema.

14 agosto 2006

Análise >> Piratas do Caribe 2 - O Baú da Morte (Pirates of Caribbean - Dead Man's Chest)

Piratas do Caribe 2 – O Baú da Morte deixa os espectadores meio tontos. A quantidade de informações que o filme bombardeia sobre nossos olhos, ouvidos e mentes chega a atordoar. São duas horas e meia de um visual incrível e efeitos especiais de alta qualidade. Com alguma imaginação, quase se sente o cheiro (ou fedor) dos marujos. Ah, claro, a música não pára quase nunca, como virou mania entre os filmes de ação atuais.

Antes de mais nada, uma recomendação: para aproveitar melhor esta continuação, tente ver (ou rever) o primeiro filme. Porque este não se preocupa em explicar o episódio anterior e talvez a intenção seja esta mesma. Assim, todos nós alugamos e/ou compramos mais DVDs do filme de 2003. A ação já começa como se estivéssemos pegado do meio do filme. Desta vez, o capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) descobre que tem uma dívida de morte com o legendário Davey Jones (Bill Nighy, irreconhecível debaixo de uma maquiagem virtual de polvo humano, ou coisa parecida), capitão do navio fantasma Flying Dutchman (na tradução ficou ridículo como Holandês Voador). Jack não vai medir esforços para encontrar uma forma de fugir de sua eterna maldição, nem que para isso seja necessário envolver, até o pescoço, os "amigos" Will Turner (Orlando Bloom) e Elizabeth Swann (Keira Knightley).

O roteiro, na verdade, não é o forte de Piratas do Caribe 2. Algumas idas e vindas desnecessárias acabam criando momentos redundantes (nos quais o filme começa a entediar) que quase prejudicam o resultado final. Mas é só quase! O visual da produção é tão perfeito que acaba superando os pontos negativos da narrativa. Seu grande trunfo foi utilizar com competência o que há de mais moderno em termos de recursos visuais cinematográficos para recriar diante dos nossos olhos o mundo dos piratas.

Junte-se a isso um elenco dos mais carismáticos e o resultado é um sucesso que superou os US$ 130 milhões de bilheteria somente no seu primeiro final de semana nos EUA, batendo todos os recordes de estréia em todos os tempos (o anterior era do Homem-Aranha, com US$ 114,8 milhões).

O terceiro filme (que foi filmado junto com o segundo) está previsto para 2007. Em time que está faturando não se mexe.

OBS: Eu preferi o primeiro filme. Mas, sinceramente, estou com ótimas expectativas para a "terceira parte" que, pelo final do Baú da Morte, nos reserva grandes ação e aventura. É esperar pra ver...

04 agosto 2006

Análise >> Missão Impossível III (Mission Impossible III)

Missão Impossível III é aquele tipo de filme que o espectador já sabe como vai acabar e mesmo assim adora. Afinal, como um bom filme de ação, o que conta é o tipo de hormônio que ele é capaz de ativar no espectador: a adrenalina. E, nesse sentido, Missão: Impossível M:i:III cumpre muito bem com seu papel.

Agora Ethan Hunt está a fim de se aposentar. Apaixonado pela primeira vez, ele está noivo da enfermeira Julia e quer curtir o romance. Mas, quando a agente Lindsey é seqüestrada pelo vilão Owen Davian, Hunt repensa suas decisões profissionais. Como teve uma estreita relação com Lindsey, Hunt resolve abrir uma exceção e volta à ativa para a missão, ao lado dos agentes Luther, Declan e Zhen. Mas o resgate não dá certo, culminando na morte de Lindsey. Ethan resolve comprar uma briga pessoal com o vilão, conhecido por ser o mais inescrupuloso negociador de armas. Com isso, ele se vê obrigado a roubar uma arma química conhecida como “Pé de Coelho”, exigência feita por Davian, que agora tem em suas mãos a pessoa que Hunt mais ama no momento.

A trama de Missão Impossível III não é das mais complicadas, nem pretende ser esclarecedora. O que é o tal do “Pé de Coelho”? Ninguém sabe, nem mesmo o protagonista. Como ele consegue fazer tantos malabarismos sem quebrar um membro e sempre se dando bem no final? Também não fica claro. Mas isso não importa. O que existe é uma sucessão de cenas de ação comandadas por Hunt. Também foram adicionados ao filme toques de romantismo graças à entrada de seu par romântico à história, o que ajuda a agradar, também, ao público feminino (como se os closes em Tom Cruise não bastassem).

Missão Impossível III mantém a tradição dos outros filmes da série: muita ação, situações surreais e um herói que para ser "super" só falta algum poder sobrenatural. Também não podemos esquecer da tradicional mensagem sobre a missão que autodestrói em cinco segundos, desta vez em uma máquina fotográfica digital. Não há como decepcionar o espectador que espera muita ação e adrenalina. Afinal é só isso que esse tipo de filme tem a oferecer. Nessa área, Missão Impossível III não deixa a desejar, muito pelo contrário.

Agora só falta você assistir pra entender do que eu estou falando.
Apesar de tudo, eu recomendo...

02 agosto 2006

Análise >> Superman - O Retorno (Superman Returns)

Não é tão ruim como parte da imprensa diz. Mas também não é tão bom quanto poderia ter ficado. Após anos e anos passando pelas mãos de diversos diretores, roteiristas e produtores, foi criada uma expectativa muito grande a respeito da tão esperada volta do Superman, gerando para os fãs um nível de ansiedade não correspondido. Mas o fato é que Superman - O Retorno pode ser visto como uma boa diversão. Basta não esperar demais do filme.

A história começa mostrando a explosão de Krypton e incontáveis fragmentos do planeta se espalhando pelas galáxias. Um deles cai na Terra, mas... Surpresa! Não se trata de uma pequena nave carregando o bebê Kal-El, como poderia se supor, mas sim do Super-Homem já crescido, retornando à fazenda de sua mãe terrestre. O Homem de Aço teria abandonado nosso planeta, alguns anos atrás, em busca de suas origens, e estaria regressando agora. Ou seja, o subtítulo “O Retorno” refere-se à própria trama em si.

No período em que esteve fora, Superman abandonou sua grande paixão, Lois Lane, e a mítica Fortaleza da Solidão, seu lugar secreto de reflexões e aprendizado. Duplo prejuízo. Lois agora tem um filho e está vivendo com o sobrinho do dono do jornal Planeta Diário, enquanto o megavilão Lex Luthor (Kevin Spacey) invadiu a Fortaleza e decifrou seus segredos. É hora de recuperar o tempo perdido.

Os grandiosos efeitos especiais são um espetáculo à parte, como não poderia deixar de ser. Superman voa sobre o planeta Terra e sobre uma Metrópolis bastante parecida com a cidade de Nova York, com a mesma desenvoltura quem tem ao segurar um avião ou suspender uma ilha. Apesar de ameaçado por seu oponente mais perigoso, o Homem de Aço está mais forte do que nunca.

Superman - O Retorno faz com que os espectadores mais jovens sejam os maiores alvos deste reaparecimento.

Creio que o filme agrada a todos, principalmente pelo fato de conter não apenas ação e aventura, mas tambem o clássico romance entre Lois e Clark.