26 março 2025

Análise Crítica :: Branca de Neve


Dirigido por Marc Webb, o filme é uma tentativa ambiciosa, mas problemática, de reinventar o clássico da Disney para os tempos modernos. Apesar da expectativa em torno do filme e de seu generoso orçamento, a produção tropeça em diversos pontos que comprometem a experiência do público — especialmente os fãs mais nostálgicos do longa de 1937.

A narrativa, que tenta se afastar da simplicidade do conto original para abraçar temas contemporâneos como empoderamento e justiça social, acaba se tornando confusa e, em muitos momentos, sem direção clara. As mudanças nos personagens clássicos — como a transformação do príncipe em um revolucionário ou a ausência dos tradicionais sete anões, substituídos por figuras digitais genéricas — parecem forçadas e descaracterizam a essência da história. Em vez de atualizar com sutileza, o filme reformula com pressa e desequilíbrio, perdendo o encantamento que marcou gerações.

Embora Rachel Zegler tenha sido destacada por sua atuação, sua performance ficou ofuscada por uma recepção pública controversa desde antes da estreia, alimentada por declarações da própria atriz sobre o clássico original — o que gerou antipatia em parte do público. Gal Gadot, por sua vez, entrega uma Rainha Má caricatural e inconstante, ora ameaçadora, ora quase cômica, o que dilui a força de uma das vilãs mais icônicas da Disney.

Visualmente, o filme tenta impressionar com efeitos especiais abundantes, mas o uso exagerado de CGI em cenas que deveriam ser mágicas acaba criando um distanciamento emocional. A artificialidade de muitos momentos, em especial com os personagens animados, contrasta negativamente com a estética delicada e artesanal da animação original.

A recepção morna se refletiu nas bilheteiras: Branca de Neve teve uma estreia fraca, arrecadando menos do que o esperado em seu primeiro fim de semana, e levantou dúvidas sobre o futuro da estratégia da Disney de relançar seus clássicos em formato live-action. Em vez de uma releitura ousada e encantadora, o filme parece um projeto indeciso, preocupado demais em agradar a todos e, no processo, esquecendo de contar bem a própria história.

No fim das contas, Branca de Neve é mais lembrada pelas polêmicas do que por seus méritos cinematográficos — uma obra que tenta ser moderna, mas se perde ao deixar de lado o coração do conto que a inspirou.

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