01 maio 2015

Análise :: Cake - Uma Razão de Viver, com Jennifer Aniston

SÃO PAULO (Reuters) - Entrando na maturidade, Jennifer Aniston deixa de lado as comédias que a tornaram famosa, a série “Friends” liderando a lista, para adotar uma personagem decididamente sofrida e antipática no drama “Cake – Uma Razão de Viver” – um esforço que lhe valeu algumas indicações a prêmios, inclusive ao Globo de Ouro de atriz dramática.
Não que faltem alguns clichês no caminho. Mas o filme dirigido por Daniel Barnz, roteirizado por Patrick Tobin, traduz o esforço de não atolar neles, criando uma narrativa em que sua protagonista, Claire Bennett (Jennifer), tenta achar a saída de um demorado calvário.
Ao não contar logo a razão da solidão, das cicatrizes e das dores crônicas de Claire, tenta-se apenas não entregar tudo cedo demais – embora ao longo do caminho tudo fique muito claro, sem necessidade de ênfase. Claire sofreu um acidente e uma grande perda e, por isso, faz parte de um grupo de apoio, que ela frequenta com grande resistência.
Rejeitando o marido (Chris Messina), ela vive sozinha numa grande casa com a fiel empregada mexicana, Silvana (Adriana Barraza), que é uma reserva infinita de afeto e paciência.
Quando dentro do grupo de apoio acontece um suicídio, Claire é, novamente, confrontada com a ideia da morte – que, aliás, nunca a abandona, ainda mais tendo à mão tantos remédios.
Ironicamente, a perplexidade em torno desta morte é que a leva a percorrer outros caminhos, indo ao encontro de pessoas com seu próprio passivo a lidar.
No relacionamento de Claire com uma dessas pessoas, Roy (Sam Worthington), é que a história cria suas possibilidades mais interessantes, ainda mais abrindo mão da tentação de fechar todos os dramas num relacionamento amoroso magicamente salvador.
A viagem de Claire e Silvana ao México em busca de medicamentos de uso controlado nos EUA é uma boa chance para discutir diferenças sociais e preconceitos, contando com a inspiração desta excelente intérprete mexicana que é Adriana Barraza, vista em “Amores Brutos”.
Há episódios sem muita função narrativa – como a caronista inesperada – e talvez algumas situações se prolonguem ou não rendam tão bem (como as participações surreais de Anna Kendrick). Mas, no todo, “Cake...” é uma chance de ouro para Jennifer Aniston, ela sabe disso e aproveitou até a última gota, crescendo como atriz.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

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